terça-feira, 29 de junho de 2010

sábado, 26 de junho de 2010

Green Day

Treinando para o show do Green Day em outubro, me deparei com essa deliciosa versão de 21 Guns.
Aumenta o som!

sábado, 12 de junho de 2010

Lençóis Maranhenses

Não sei dizer se é fundamental ou não, mas eu quis sair do Rio com tudo organizado, então pedi referências das operadoras de turismo lá do Maranhão. Indicaram-me duas: Taguatur e Ecodunas. Através dos sites, fiz contato com as duas.
A Taguatur me mandou um pacote padrão de 2 dias, embora meu e-mail dissesse claramente que eu chegaria a São Luis na manhã de quinta e voltaria no domingo à tarde. Perderam meu respeito logo no primeiro contato.
A Ecodunas sim leu o que eu escrevi. Iniciei uma longa troca de e-mails com o Jorge, representante da Ecodunas. Bastante paciente e atencioso, ele ofereceu as melhores opções para o tempo que eu tinha e fez todas as reservas de pousada e passeios.
A primeira parte do roteiro foi o longo traslado para Barreirinhas, que é a principal porta de entrada do Parque dos Lençóis. São 3h30 de viagem - mais uma parada de 15 minutos para esticar as pernas. O microônibus nos pegou às 6h da manhã no Aeroporto de São Luis. Aliás, permitam-me abrir um parênteses: uma boa dica é ver o horário dos voos. Eu e Debora tínhamos pouco tempo e queríamos aproveitar ao máximo, então pegamos voos noturnos na quarta à noite. Eu cheguei em São Luis à 0h50 e ela às 2h40. Com o traslado partindo às 6h de quinta, achamos que não valeria a pena pegar um hotel próximo para ficar por apenas 3 horas, então não hesitamos em tirar um cochilo no aeroporto, cada um ocupando 3 bancos. A cena era comum, havia pelo menos 10 pessoas fazendo o mesmo. Mas a sua coluna pode cobrar a conta no final do dia.
Barreirinhas é um lugar ainda bastante pobre. Tirando o Centrinho, onde está o cais, vê-se muita miséria. Sinal de que o forte turismo ainda não está revertendo grandes benefícios para a população local. Isso se reflete também na qualidade das pousadas. Embora encontrem-se facilmente pousadas com ar condicionado, frigobar, TV e chuveiro quente (meu verdadeiro quadrado mágico), tudo é bastante simples.
Como fechei a viagem com menos de 1 mês de antecedência, algumas pousadas já estavam cheias. Vale lembrar que junho é o começo da temporada ideal para visitar os Lençóis. Esta definição passa pelas chuvas que enchem as lagoas do Parque. Em geral a partir de outubro/novembro, as lagoas secam. Entre dezembro e abril/maio, chove e, enquanto chove, as trilhas para o Parque ficam mais complicadas e os passeios sem sol ficam comprometidos. Então a época boa para visitação é a partir de junho, quando as chuvas já pararam e as lagoas estão cheias.
Acabei ficando na Pousada Resort Lençóis Maranhenses. Prós e contras... O lugar é afastado do Centro, então ficávamos "presos" lá. Acabamos almoçando e jantando lá e a comida, embora boa, não é barata. Mas dá para chamar táxi e é bacana não precisar sair da piscina para ser servido. O wireless, anunciado como grande vantagem, não funciona. E a pousada conta com uns pequenos prédios de 2 andares, com 2 apartamentos por andar. Os apartamentos de cada piso são conjugados, então eu que estava no quarto 4, ouvia absolutamente tudo que rolava no quarto 3, o que incluiu em determinado dia uma televisão com volume acima do normal depois da meia-noite. Um típico exemplo de um espaço enorme e mal aproveitado. Passando a piscina há uma trilha que conduz às margens do Rio Preguiças, então dá para tomar um banho de rio, ainda dentro do terreno da pousada.
Nosso primeiro passeio foi logo no dia da chegada. Com saída às 14h, fomos para o Parque dos Lençóis para a região da Lagoa Azul. O meio de transporte principal é a Toyota, adaptada com 2 ou 3 bancos na caçamba, para transporte de 8 a 12 pessoas. Não espere conforto, mas é assim e é legal. Depois de recolher os turistas pelas pousadas, anda-se por alguns minutos até a área da balsa, onde se atravessa o Rio Preguiças - que, como o próprio nome sugere, é super tranquilo. Na outra margem, já começa a areia e o trajeto de mais ou menos meia hora pelo terreno irregular e arenoso. Para quem ficar na beirada dos bancos, vale o cuidado com as "chicotadas". É que a trilha tem a largura certa do carro, então os arbustos que crescem ao longo da "estrada", acabam acertando as pessoas que estão na ponta durante o trajeto. Nada que machuque, mas vale ficar ligado e dar aquela chegadinha pra dentro.
Os carros chegam até determinado ponto e a partir dali as pessoas têm que subir a duna a pé. Nada complexo, nem que exija preparo físico. O visual quando se chega ao alto é indescritível: uma imensidão de dunas e lagoas de se perder de vista. Difícil resistir à tentação de descer rolando e cair dentro de lagoa. Nesta etapa do passeio - a pé -, passamos por 3 ou 4 lagoas, incluindo a Azul, Esmeralda e a dos Peixes, que é uma das poucas que não secam no período de estiagem. Como o sol castiga, não deixe de levar boné, óculos escuros e uma garrafinha d'água. Todo o resto pode ficar no carro, porque o motorista fica lá tomando conta, enquanto o guia vai andar com o grupo.
Para chegar à Lagoa dos Peixes, demanda-se uma caminhada de uns 10 a 15 minutos, mas lembre-se que no Nordeste o tempo passa mais devagar. Curta o visual, a natureza e a paz que o lugar transmite. Outra vantagem da Lagoa dos Peixes é que em geral ela tem menos gente. Vi somente uma farofada - um grupo de 2 senhoras e uma criança que sacou um isopor com frango assado. Pelo menos recolheram todo o lixo ao sair. Aliás, este é um ponto positivo: é tudo muito limpo e, talvez por força dos guias que conscientizam os turistas, todo mundo carrega seu lixo.
O fim deste primeiro passeio é por volta das 17h30 quando se sobe numa das dunas para tentar uma visão do por-do-sol. Na volta, antes de pegar novamente a balsa para cruzar o Rio Preguiças, há uma barraquinha de tapioca feita na hora: queijo com manteiga e leite condensado são os sabores disponíveis. É estratégico: se você não fez igual às farofeiras e levou seu frango assado, é fato que você vai estar com fome nessa hora.
No segundo dia - que amanheceu chuvoso, mas trouxe o sol minutos antes do passeio - saímos para fazer boia-cross. Um longo caminho de mais ou menos 1 hora no lombo da Toyota nos levou à beira do rio - não me lembro se era o Preguiças ou algum outro da região - onde nos despimos, entramos na água fria e recebemos nossas boias. E no que pode ser classificado como o cúmulo de uma vida sossegada, cada um se acomodou em sua boia e se deixou levar pela correnteza do rio. Não sei por quanto tempo descemos - aliás, perde-se a noção do tempo - mas descemos o rio. Duas crianças locais descem o rio também nadando ao nosso lado, carregando boias reservas - caso alguma se esvazie no caminho - e empurrando os turistas que são levados para a margem de volta para o meio do curso. Não é rafitng não, gente... a correnteza é fraquinha, não há nenhuma descidinha e a maior aventura do percurso vai ser passar por baixo de umas pontezinhas improvisadas... é pura paz e tranquilidade.
No fim do passeio - marcado por uma corda e pelos suspiros de "ah, acabou" - há uma tia fazendo tapioca. E de novo você vai comer. Vai por mim.
De tarde, outro passeio - e você pensa "Que viagem Footloose (ritmo muito louco), eu quero ficar na pousada um pouco e descansar". Não! O melhor momento é justamente esse: nova ida ao Parque dos Lençóis, desta vez para a área da Lagoa Bonita. Mesma Toyota, mesma balsa, mesmo trajeto sobre a areia, exceto que dessa vez o carro pegou outro caminho e você nem percebeu porque não há nenhuma sinalização. O caminho é mais longo, tem os mesmos gravetos chicoteando o pessoal que se senta nas beiradas e a impressão que dá é as montanhas de areia nunca vão começar a aparecer.
Desta vez os carros param diante de uma montanha de areia mesmo. A presença de uma cordinha enterrada na areia para a galera segurar e pegar impulso para subir denuncia que essa duna merece um esforço adicional para ser vencida. E quando você termina de subir a primeira, tem uma segunda, ainda maior mas menos íngrime. Claro que a possibilidade de você se deparar com a mesma coluna de areia que eu é difícil porque, com os ventos, de tempos em tempos a paisagem fica diferente. Mas foi por essas duas colunas que eu passei. E se o esforço é maior, a recompensa é proporcional.
Esqueça o que você já viu nas fotos, esqueça o que te contaram, esqueça este relato. A descrição continua sendo "dunas e lagoas a perder de vista", mas este lado é diferente, é singular e hipnotizante. Parecia a Lua (como se eu fosse Armstrong ou Aldrin, mas enfim...). Ali só mora o silêncio absoluto, alternado com um assovio do vento intermitente. É a grandiosidade da natureza que me fez sentir pequeno e insignificante tal qual um grão de areia. A aridez agressiva do deserto diante dos olhos maravilhados de um turista certamente equivale a uma tela em branco diante de um pintor. Um pouco mais a frente as águas esverdeadas da Lagoa Bonita, com seus peixinhos pequeninos que nos bicam a pele. Peixinhos que têm um ciclo de vida sincronizado com a cheia das lagoas. Quando as lagoas enchem, as ovas - previamente depositadas no solo úmido - eclodem e os peixes nascem e não crescem, alimentando-se de pele morta de turistas e de sei lá mais o quê (krill, diria a Débora; catarro, diria eu), até a morte na lagoa seca.
Cenário mágico até um novo por do sol visto do alto de uma duna e retorno para a pousada, com uma parada estratégica na barraca de tapioca da beira do Preguiças.
Era aqui que a viagem deveria terminar. Mas a gente tinha um dia a mais e queria aproveitar...
O sábado, 3o dia no Maranhão, foi para um passeio aos Pequenos Lençóis na lancha voadeira. Partindo do cais de Barreirinhas, passamos pelas localidades de Vassouras - dunas quentes e um bar onde o principal atrativo são os macaquinhos que vêm comer banana nas mãos dos turistas -, Mandacaru - onde a atração é um farol da Marinha totalmente sem graça - e Caburé, onde ficamos por algumas horas. Ali no Caburé, já próximos à foz do Preguiças, a praia tem rio de um lado (cheio de óleo dos barcos) e mar do outro (revolto e marrom provavelmente pelas águas do rio que desagua ali perto). A diversão fica por conta de quadriciclos que podem ser alugados para uma volta pela praia, que é enorme e vazia. Mas eu que conheço muitas praias e ainda estava sob o efeito da paisagem do dia anterior, achei esse passeio bastante dispensável.
No sábado à tarde, já de volta a Barreirinhas, pegamos o traslado de volta a São Luis. Minha dica: vá embora. O ônibus chegou ao aeroporto perto das 21h e os voos para o Rio saem na madrugada. Eu caí na asneira de passar 1 noite e o domingo de manhã em São Luis e, para ser educado, digo simplesmente que não vale muito a pena.
Dicas adicionais: roupas leves, muito repelente, protetor solar, muita água. Se quiser se aventurar com as guloseimas típicas da região - além das tapiocas - prove o guaraná Jesus (é rosa e é estranho) e suco de bacuri (tem gosto de remédio e, segundo a Débora, parece Bactrin).