Who's dead

Tomei a liberdade de postar um comentário da minha amiga Fofonse, que me levou finalmente a conseguir rascunhar algumas linhas sobre a morte do Michael Jackson:

Fiquei chateada por nunca ter me interessado pela carreira dele. Ele é um gênio! A gente viveu mais a decadência dele, o que justifica esse não-fanatismo e um certo desinteresse, mas o que ele fez nas décadas de 70 e 80 é sensacional! Vi vários vídeos dos Jackson 5! Que coisa maravilhosa! E ele dançando?! Nossa! Ouvi em um dos programas que o Freddie Astaire ligou para o MJ quando ele criou o moonwalk! Aquilo é simplesmente demais, nínguém faz igual.

Para mim, a memória mais viva é do Piores Clipes do Mundo, com Marcos Mion zoando Thriller. "Faz porquinho, Michael!". Impossível não lembrar disso associado às várias gargalhadas (né, Lydios e Ferna?)

E os lançamentos de clipes do Michael no Fantástico? Histórico. Eu sempre meio que caguei pro "moonwalk" - confesso que acho aquele passinho meio idiota - mas é impossível não dizer que ele foi um inovador. Lembro da première de "Black Or White" - no Fantástico - com aquela incrível e até então inédita sequência de rostos se transformando em outros, homens virando mulheres, brancos virando negros, cabelos encurtando e crescendo a cada rosto novo, numa espécie de ode ao fim dos preconceitos.

Mas o excentrismo da vida pessoal superou a genialidade do músico. O comedor de criancinhas, o casamento "arranjado" com a Presley, o filho pendurado na janela, aquele complexo de Peter Pan, as tantas plásticas que ele fez no intuito de atingir a perfeição e que o levaram à deformação. A decadência o fez assumir uma condição de derrotado, que era no mínimo injusta frente à contribuição dele para a história da música. E com tristeza, não hesito em dizer que ultimamente era possível definir Michael em uma palavra: infeliz.

Espero, de coração, que ele finalmente encontre sua paz. Nossos filhos, netos e bisnetos falarão dele no futuro sem entender bem o que ele representou para o nosso tempo. Para nós, fica a memória de uma lenda e a angústia de presenciar o fim de uma era.

R.I.P. Michael